quarta-feira, 9 de abril de 2008

Blog como ferramenta pedagógica

O mundo vive um momento de transição em todos os sentidos. Vivemos a insegurança de não saber exatamente onde estamos, mas mesmo divididos e fragmentados estamos fazendo o caminho.A escola ainda é o lugar onde os jovens passam a maior parte do tempo de suas vidas. É o lugar privilegiado de acesso ao conhecimento, à informação, às atividades culturais, às trocas, aos processos participativos. Mas é na escola que percebemos uma distância entre mundo juvenil e o mundo do adulto, mundo do professor. Jovens vivem tipos de relações diferentes enquanto o adulto ainda privilegia a cultura da imposição, pouco diálogo, verdade absoluta.Muitas escolas com sua marca tradicional perpetuam a transmissão do conhecimento enquanto as exigências do mundo atual estão pautadas pela velocidade da informação, da imagem, das redes. Estas questões supõe mudança de paradigma na escola. De um paradigma centrado no conhecimento disciplinar, fragmentado, especializado e controlador para um paradigma que privilegia o diálogo do conhecimento com outras formas de conhecimentos, assumindo o cotidiano das pessoas como um melhor caminho para viver.Nas práticas pedagógicas, na formação dos professores se revive essa mesma crise. Apoiados pelo diálogo, busca-se agregar formas de agir e refletir sobre esta questão com a intenção de criar novas alternativas de ação, se possível, oriundas do coletivo.Como inserir-se nesse novo paradigma? Sociedade do conhecimento? Cultura juvenil? Redes?Vivemos na era da sociedade do conhecimento, traduzida por redes, sem hierarquias, em unidades dinâmicas e criativas, em conectividade, intercâmbio, consultas entre instituições e pessoas, articulação, contato e vínculos. Apoiada pela tecnologia, rompe com a idéia de tempo próprio para aprendizagem. Todo o tempo em todo o lugar - o espaço da aprendizagem é aqui - em qualquer lugar - o tempo de aprender é sempre. Essa noção de distância/tempo entre as pessoas passou a ser transformada com o surgimento da Internet .A cultura juvenil absorve a comunidade traduzida pelas redes de informação, conhecimento. Os jovens vêem na rede a possibilidade de formar comunidades virtuais que permitem a troca entre culturas diferentes, falar sobre múltiplos temas em todo o mundo por meio de sala de bate-papo, troca de e-mail, blog, flog... Estabelecem relações e identidades que se constituem pela troca, negociação, aproximação atravessando distâncias geográficas reais, étnicas.Buscam identificação “tribais” via música, jogos, esporte... caracterizadas por agregações juvenis. Participam numa rede de informações, de representações e de conexões das quais fazem parte múltiplos usuários, com múltiplas funções, nas quais os papéis são compartilhados, divididos e redistribuídos. Partilham na rede local de busca, de encontro entre pessoas, de trocas... também, um local de produção e socialização de conhecimento.Este jovem que está na escola convive desde criança com televisão e não imagina um universo sem televisão, computador, Internet, sala de bate-papo, sites, blogs, celulares, mesmo que não tenha acesso diretamente.Ao mesmo tempo que navega em site, trocam e-mail, assistem TV, ouvem música, comentam o que assistem, trocam de "canais" com muita velocidade. O domínio dessa nova linguagem requer a identificação com algum lugar, alguma crença, alguma tribo.Essa necessidade de pertencimento, surgimento de uma nova cultura jovem, tem provocado mudança de comportamento. Ao invés de sair para rua, cinema, parque, assistir TV, o jovem se conecta a um computador, a um celular para conversar com outros jovens da escola, bairro, cidade, estado, país, mundo, para além do território. Criam identidades a partir de uma comunhão de gostos, apreciações, estilos. São identificados por meio do “Zappear” “teclar” “navegar”. Buscam na rede espaço de lazer e não espaço de obrigação, estudo, trabalho - estão todos à vontade e por sua vontade, por escolha própria. Procuram na palavra escrita, fala, imagens fixas e em movimento, a música, os sons variados um sentido, uma resposta ao desejo de aprender desfrutando de autonomia por meio do lazer.Neste cenário qual o compromisso do professor?No ofício de professor certamente algumas mudanças se impõe e, talvez, pelas "urgências" o professor aprende. Para aprender a fazer algo é necessário vivenciar o processo, começar. Inicia-se por uma mobilização orientada por situações que produzam sentido e respondam a um desejo de saber. Portanto, para aprender, adquirir saber, é necessário engajar-se numa atividade intelectual. Essa fragilidade no ato pedagógico gera possibilidades de mudanças, aprendizagens que se constituem sentido para a vida profissional.Cabe ao professor aprender essa nova linguagem permeada pela cooperação e compartilhamento que se traduz em relações de construção, reconstrução, negociação, interatividade. Utilizar-se desta cultura da tecnologia que aponta para uma escola centrada nas aprendizagens.Compreender que as TIC estão a seu serviço para auxiliar na criação de situações de aprendizagens ricas, complexas, diversificadas... para auxiliar o jovem na sua identificação e sentido de suas vidas, pois "aprender é mudar, formar-se é mudar. Não se pode aprender sem mudar pessoalmente, porque se estou aprendendo coisas que têm sentido, vou mudar minha visão do mundo, minha visão da vida." (Charlot, 2005, p.77)

Anilda Machado de Souza
Paula Fogaça Marques
X Fórum Internacional de Educação
O desafio de ser professor na contemporaneidade

4 comentários:

Profª Ros@ngela Guim@rães disse...

Adorei a Oficina, acho que fiz uma ótima escolha.Com certeza terei diversão para as próximas semanas, e também muitas dúvidas para questionar
para a profª Paula no nosso próximo encontro.

Elisandra disse...

Obrigada por mostrar mais uma ferramenta de ensino-aprendizagem, estamos sempre aprendendo algo novo, nunca vamos dominar todas as ferramentas, mas precisamos aprender pelo menos um pouco de tudo nesta caminhada.
Obrigada por passar o seu conhecimento.
Um grande abraço!

Lucas disse...

Olá professora Paula...
muito obrigado por sua dedicação e paciência neste curso. Achei muito boa sua oficina, voltarei para tira algumas dúvidas.
Lucas Manini

" Minha Escola, Meu Lugar" disse...
Este comentário foi removido pelo autor.